Minimalist Travel Festival

MINIMALIST TRAVEL FESTIVAL

José Luís Santos

Consta que, certo dia, a sua mãe se lamentou a uma amiga de que o seu filho teria sido feito “numa noite de tempestade”, por ele ter partido para mais uma viagem rumo a um país com um nome estranho, daqueles que não são mencionados nos concursos televisivos.

Fez-se à estrada pela primeira vez aos três anos de idade, quando fugiu dos seus pais em plena Serra da Lousã, até ser apanhado uns trezentos metros mais à frente, quando seguia na direção contrária à da sua casa. A vontade de partir foi-lhe diagnosticada precocemente.

Cresceu em Viagem, e a Viagem fê-lo crescer. Desde cedo que se apaixonou pela disciplina de História, de que hoje é professor. A Fotografia foi um amor ao primeiro clique numa câmara que comprou para uma visita de estudo. Viagem, História, Fotografia. Estava assim completa a Santíssima Trindade que nortearia a sua vida. O mundo do jornalismo veio logo a seguir quando, aos 18 anos, inicia a sua colaboração no jornal local da sua terra, a Lousã.

Já na Universidade, parte em 2002 para Siena, em Itália, para aí estudar um ano ao abrigo do programa Erasmus. Faltou-lhe algumas vezes dinheiro para comer, mas todas as segundas feiras tinha 5,58€ para revelar o rolo de fotografia. Desde cedo, teve de espremer os trocos que tinha e partir com a carteira mais recheada de desejo cego e inconsciência do que do dinheiro que precisava. Percorreu milhares de quilómetros à boleia, com uma mochila pequena às costas que levava pouco mais que o equipamento fotográfico.

Partia sem destino, ou com bilhete só de ida. Roçou muitas vezes o limite do razoável em algumas situações, querendo, em jeito de desafio, espreitar as privações que a aventura lhe impunha. Regressava exausto, mas com uma vontade imensa de contar histórias.

A sua chegada de comboio a Istambul com o sol a pôr-se por detrás das silhuetas das mesquitas ditaram-lhe o disparo de partida para o seu interminável projeto fotográfico da Rota da Seda, uma rede de percursos comerciais que durante séculos uniu o Ocidente ao Oriente. Leva a cabo várias exposições e já venceu prémios de fotografia em concursos nacionais e internacionais.

É um apaixonado pela vivência humana pois, para si, esse é o sal da vida. Além de passar o bichinho destas aventuras aos seus alunos, escreve crónicas de viagem para dois jornais e é líder de viagem do Fotoadrenalina. Realiza também workshops de fotografia e de escrita de viagem.

Acredita que o melhor investimento que pode ter são as memórias que lhe ficam na cabeça, nos cartões da câmara fotográfica e nos blocos de notas. É esse o seu objetivo maior, de que a sua vida seja uma história que valha a pena ser contada.

Pedro Bento

Pedro Bento, nasceu em Almeirim em 1978. A sua vida desportiva iniciou se aos 12 anos na modalidade de futebol na Associação desportiva Fazendense. Com 18 anos mudou-se para a modalidade de BTT, mas foi em 2004 que teve a sua primeira participação Internacional, no Campeonato Mundial de Triatlo, realizado na Madeira.

Em 2007 iniciou o projeto de terminar as 10 provas por etapas mais duras do mundo de BTT, tendo sido a primeira na Costa Rica, a La Ruta de los conquistadores.

Em 2010 realizou uma das provas mais duras da modalidade de triatlo, um Ironman, em Copenhaga, tendo sido Finisher.

Em seguida voltou novamente, às provas internacionais de BTT do seu projeto, para realizar em 2012 a BC bikerace (no Canada), em 2014 o Ironbike em Itália, em 2016 o Transandes no Chile e o Yak attack no Nepal. Nesta última, teve o orgulho de ser o primeiro português a transpor, de bicicleta, o ponto mais alto do mundo durante uma prova, atingindo os 5416 metros de altitude.

Em 2018 fez a 6ª prova do projeto na Austrália (Crocodile Trophy).

Em 2019 realizou o Bakonbike, o desafio solidário de bicicleta que ligou Almeirim a Kathmandu no Nepal, perfazendo 10000kms em 72 dias. Em Agosto desse mesmo ano fez a Mongólia Bike Race, a 7ª prova do projeto.

Mais recentemente em novembro de 2021 tornou-se o 1º Português e o 2º atleta do mundo a ir de bicicleta de Kathmandu até ao campo Base do Evereste a 5364 metros de altitude.

Sofia Martins

Alfacinha de nascença mas setubalense de coração!... Tem 52 anos e aos 23, num acidente de viação, ficou paraplégica e a sua vida mudou radicalmente.

É formada em Engenharia Informática, trabalha em Sistemas de Informação Geográfica e o seu passatempo preferido é viajar.

Não há obstáculo que a trave, aliás, faz disso a sua viagem! Autora do blog JustGo by Sofia, onde promove as boas práticas no turismo acessível, procura dessa forma contribuir na construção de um "Mundo para Todos".

Sempre pronta para partir em mais uma aventura, mais um desafio, mesmo quando a vida lhe trocou as voltas, mostrou que, apesar disso, é possível continuar!... O facto de se deslocar numa cadeira de rodas faz com que sair de casa, num mundo que não está ainda preparado para todos, seja uma aventura. As viagens são, para a Sofia, desafios e provas de superação, sendo que, ao mesmo tempo, procura despertar consciências para a questão das acessibilidades e influenciar para que mais locais se tornem acessíveis. Ao viajar, procura desafiar o mundo e os seus preconceitos e mostrar que ele é de todos e para todos.

A dificuldade que sente nas suas viagens, o facto de ter que gastar mais dinheiro para o conseguir fazer, o não poder ir a alguns destinos pouco acessíveis fizeram com que criasse o JustGo, com o objetivo de partilhar as suas experiências pelo mundo e incentivar outras pessoas a fazê-lo também.

Viajar é para todos! Não interessa onde vamos ou como vamos, o que interessa é ir!

Esta é a principal mensagem que pretende passar a todas as pessoas que se limitam a sair de casa com receio do que vão encontrar. Hoje, com a informação que existe, não há razões para não sair e aproveitar!

Ana Almeida & Mario Chan

São uma família de 4, a Ana, que é fisioterapeuta, o Mário, professor de música e fotógrafo, o Miguel de 7 anos e a Madalena que tem 4 anos, e são todos apaixonados por natureza e por viagens de aventura. Gostam de conhecer os locais mais inóspitos e de estar embrenhados na natureza no seu estado mais puro. Antes de serem pais, sempre que podiam saíam de jipe, fazendo principalmente viagens em autonomia, ou praticavam montanhismo.

Quando os filhos nasceram todos lhes diziam que se tinha acabado este estilo de vida que gostavam de ter, mas eles provaram que isso não era verdade. Continuaram a fazer aquilo que mais gostavam, mas agora tendo ao seu lado as pessoas que mais amam e com um objetivo adicional, dar aos filhos a oportunidade de aprender sobre o mundo que os rodeia ao vivo e a cores, mostrar-lhes as diferenças culturais, mostrar-lhes monumentos e cidades importantes, dar-lhes a oportunidade de se relacionarem com outras crianças em diferentes países.

Este tipo de aprendizagem fascina-os e acreditam que ajuda muito a criar adultos muito mais tolerantes, sociáveis, que se adaptam mais facilmente, e com uma visão além-fronteiras que lhes pode ser muito útil ao longo da sua vida.

A partir do ano passado, quando o Miguel fez 6 anos, começaram a realizar viagens de bicicleta em família. Regerem que viajar de bicicleta com crianças é um desafio, mas sentem que recebem tanto em troca. Para eles, é uma forma de viajar devagar, onde se absorve muito mais dos locais visitados, onde os pormenores são vividos com mais intensidade. Conhecer o mundo e dar o mundo aos seus filhos é o que os move.

David Freitas

David Freitas é o viajante minimalista por natureza. Para ser mais exacto é pós-minimalista, já que viaja sem o necessário.

É professor de informática e, por isso, tenta resolver todos os problemas da vida, saindo e voltando a entrar. É dirigente da ONGD “Na Rota dos Povos” que atua em Catió, no sul da Guiné-Bissau.

Defende que só há uma viagem: a da nossa vida. Como professor, um dos seus maiores tormentos é ver os nossos jovens desperdiçar as muitas oportunidades que dispõem e que não valorizam. Por isso, tem tentado usar a sua viagem para chamar à atenção para a problemática dos direitos das crianças e do direito à educação, com especial destaque para a criança portadora de deficiência, mas também para várias questões relacionadas com a divisão norte-sul.

Acredita que a partir de Portugal, seguindo para Este, mais chouriça, menos chouriça, o mundo mantém-se muito parecido. No entanto, se seguirmos para Sul, o mundo muda muito rapidamente em oportunidades, especialmente depois de passarmos o deserto do Saara. Por isso, tem tentado nos seus projetos pedagógicos incentivar à acção, com a premissa que qualquer coisa que ele faça, é fácil fazer melhor.

Finalmente, David considera que é importante olhar para as nossas falhas e por isso, gostaria de ter começado mais cedo a doar sangue e percebido que o que é verdadeiramente importante resulta da simbiose entre a ação individual e coletiva.

Marta Durán

''Em constante busca por novas aventuras e apaixonada pelas pessoas do mundo.''

É numa missão de voluntariado por Moçambique, durante a licenciatura em comunicação social, que o fascínio pelo desconhecido e a sede de viajar começam a traçar o seu caminho. Motivada por esta experiência, tomou a decisão de continuar os estudos em Macau - ponto de partida para uma aventura pelo Sudeste Asiático e pela China.

A curiosidade pelo mundo estava apenas a começar. Determinada a crescer como viajante, em 2016 percorreu 11 países da Europa sozinha e à boleia. O regresso de cada aventura passou a ser sempre o prólogo para a seguinte. Partiu para o Nepal, onde esteve a dar aulas de português durante oito meses.

Rumou depois para a Guiné-Bissau com o propósito de trabalhar com crianças. O que começou como uma ação de voluntariado de curta duração, terminou com nove meses de trabalho no departamento de comunicação da UNICEF. Em 2019, voltou a sentir o apelo pela ex-colónia portuguesa e traçou uma jornada de bicicleta desde a sua casa, em Carnaxide, até à Guiné-Bissau, com paragens por Marrocos, Mauritânia e Senegal. Nos últimos anos alimenta a página instagram @boleiasdamarta com as epopeias de viagem pelo mundo, entre Georgia, Turquia e Portugal dá boleia a quem a segue as suas aventuras.

Nuno Neto & Liliana Freitas

Neto e Lili nascidos no Berço no belo ano de 82 mas cada vez mais do mundo.

Dizem ser uns felizardos porque já realizaram grande parte dos seus sonhos, mas o mundo é grande demais e novos vão surgindo.

Ambos desportistas durante vários anos, ela jogadora de voleibol e ele como praticante de downhill. Ela é licenciada em Química, área em que trabalhou até 2018 quando se despediu, ele informático que nunca exerceu, depois de criar a sua empresa com 19 anos e que manteve durante 15. Mudaram radicalmente de vida em 2018 depois de terem vendido casa, empresa e carros e partirem numa nova viagem de vida que dificilmente os fará voltar à anterior.

Juntos há 23 anos, gostam de desafios e de se porem à prova, os dois anos passados a viajar apenas com uma mochila às costas aguçaram esse gosto, depois de terem passado por paises como Irão, Índia, Myanmar, China, Coreia do Norte ou Timor. Estavam na Austrália quando se viram forçados a voltar, mas não pararam por muito tempo e ainda com muita gente fechada em casa, voltaram à estrada e deram a volta a Portugal em bicicleta durante mês e meio. Pouco depois percorreram mais de 900 km a pé de França a Finisterra. Mais recentemente estiveram em voluntariado em São Tomé por cinco meses.

Entre amigos, comentam vários vezes que só têm esta vida e não conseguem perder onze meses por ano a trabalhar, para poder desfrutar apenas de um, razão pela qual os levou este ano num novo desafio, trabalhar numa estância de ski na Suiça durante o inverno e poder ter tempo para viajar o resto do ano.

Jorge Vassallo

Diz que a curiosidade do Jorge pelas viagens começou com um mapa-mundo cheio de pins espetados, em casa dos avós, em Sintra.

Depois foram os álbuns de fotografias do bisavô em Goa, o Indiana Jones a comer cérebro de macaco na Índia, os mistérios da Agatha Christie no Nilo e no Expresso do Oriente, o Phileas Fogg a salvar uma indiana de morrer na fogueira, uma reportagem sobre os vulcões da Indonésia na coleção de National Geographic do avô, o Leonardo Di Caprio a perder-se em Bangkok e a descobrir uma praia secreta... histórias a atropelar-se umas às outras – lugares, personagens e momentos que, ao longo dos anos, foram acrescentando sempre um bocadinho mais a esse urgente apelo pela aventura.

As primeiras viagens que fez foram com o pai – de Vespa, à pendura. Iam todos os anos à Concentração de Faro... e uma vez enfiaram a mota numa carrinha e estrada fora até Itália, para uma voltinha pelo Norte. Resultado: aos dezassete anos pegou na acelera e foi por sua conta e risco, com mais quatro amigos, descer a costa alentejana. E depois vieram os Interrails, as escapadelas aqui e ali, as caminhadas e todo o tipo de aventuras. Pelo meio, o Jorge formou-se em Publicidade e trabalhou como copywriter, fez voluntariado com refugiados do Kosovo e uma série de outros projectos de todo o tipo – e não descansou enquanto não trocou emprego, carro e casa por um ano a viajar sozinho à volta do mundo.

Não foi bem uma volta ao mundo, é verdade, mas foi uma volta a si mesmo e à sua forma de ver, ouvir, saborear e sentir o mundo: depois desse projecto, ainda trabalhou em produção de filmes e eventos, mas só o suficiente para financiar as viagens que ia fazendo pela Índia e o resto da Ásia – e que começou a partilhar num blogue chamado “fuidarumavolta”.

Em 2007, decidiu reafinar a bússola e apostou forte nas viagens e nos livros. Foi com o amigo Carlos Carneiro até Dakar, com mil euros e duas bicicletas. Trabalhou dez anos com a Nomad, como tour leader na Indochina, Birmânia, Turquia e Transiberiano. Atravessou a Índia de uma ponta à outra, de Vespa, com o sketcher Luís Simões.

Com meia dúzia de livros publicados e dezenas de projectos ainda em banho-maria, mais do que apaixonado por viagens, o Jorge considera-se viciado em histórias. É a curiosidade que o move. E a narrativa é o mote. As histórias de vidas, de lugares, de outros tempos e este. As tradições, os insólitos e os rituais. A comida, o folclore e os tiques. As pessoas – sempre as pessoas.

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